Uma pedrada na piscina

 


A ministra da coesão territorial esteve esta semana em Gavião
para a reinauguração da única piscina municipal deste concelho com uma população de 3.394 habitantes. A piscina, tal como fica documentado na imagem, recomenda-se e é naturalmente bem vinda. Tal como se regista o tempo que a ministra Abrunhosa gastou a visitar o nosso concelho.
Mas já todos sabemos que o inverno demográfico de que padece o interior do país não se resolve só com infraestruturas. Nem pode ser camuflado com números porque estes enganam sempre muito.
Por exemplo, usando os números podemos dizer que Gavião tem uma piscina para 3.394 habitantes enquanto Matosinhos, um dos concelhos da área metropolitana do Porto, que tem sete piscinas municipais e é o concelho português com mais equipamentos deste género, tem uma piscina municipal por 24.655 habitantes.



Acontece, porém, que estamos a comparar duas realidades completamente distintas. Por um lado, um concelho que entre 2011 e 2021 apenas perdeu 0,7% dos seus habitantes e outro que perdeu 16,9%, depois de ter perdido outro tanto nos dez anos anteriores. Estamos a comparar um concelho onde a mobilidade através do uso de transportes públicos é um facto (com 40 euros é possível percorrer toda a área metropolitana do Porto durante um mês, através do PAR). E estamos sobretudo a comparar concelhos que oferecem oportunidades de trabalho e, consequentemente, de fixação completamente diferentes.
Este é um equipamento excelente para Gavião e que Gavião merece, embora continue sem perceber muito bem o que é uma reinauguração. Mas notícias como esta são apenas uma pedrada no charco. Neste caso, uma pedrada na piscina. Uma piscina que permanecerá inacessível, tendo em conta a inexistente rede de transportes públicos, para quem reside na Comenda, em Margem ou em Belver e não possui automóvel.
Sem mobilidade não há usufruto. Basta ver o que acontece a quem desembarca na estação ferroviária de Belver e quer deslocar-se para a Comenda ou para o Moinho do Torrão, por exemplo.
Espero, por isso, que a autarquia de Gavião pense seriamente em tornar acessível o usufruto desta piscina a todos os gavionenses.