Dos sítios chamados 'Venda', como a nossa ribeira

 


A origem dos topónimos costuma ser um paradoxo que vive dentro de um enigma que gera filhos ilegítimos e muitas vezes teses patetas.

Basta passar os olhos por qualquer monografia produzida por um entusiasta da matéria para se perceber que a imaginação não tem limites na explicação da origem dos topónimos.

Por isso, seguro-me em Carlos Alberto Ferreira de Almeida, grande historiador, arqueólogo e etnógrafo associado à Faculdade de Letras do Porto, por sorte meu mestre de História de Arte, para falar da Ribeira da Venda, local agora tão colocado no mapa devido à piscina que ali inauguraram no ano passado (2021) e que se espera reabra em breve ainda melhor.

Vamos lá então. Ribeira da Venda porquê? Sobre o termo 'ribeira' parece que não subsiste margem para qualquer divagação - está na cara. Quanto ao termo 'Venda', diz-nos Carlos Alberto Ferreira de Almeida, no seu magistral trabalho sobre vias medievais, que simboliza um lugar de abrigo, tal como Mesão, Pousada ou Albergaria, sempre junto de uma via medieval (muitas vezes sobreposta a uma antiga via romana). É algo de muito interessante pois não parecem restar dúvidas quanto à antiguidade do caminho que vence ali a ribeira.

Quanto à ponte, com algumas reservas podemos dizer que é de origem medieval (romana não é pelo seu estilo e aparelho), como pode resultar do foral de 1519 atribuído ao Grão-priorado do Crato.

Estamos, por isso, perante um lugar antigo, onde se podia parar e procurar abrigo ou sustento nas longas e penosas jornadas, a pé ou a cavalo ou burro, nas más estradas medievais.

E por aqui me fico, para resistir a qualquer tentação de mais acrescentar sem mais nada dizer sobre o sítio da Ribeira da Venda.