Jornadas de História Local relevam importância de valorização do nosso património

 


O auditório da Incubadora de Empresas de Gavião acolheu as I Jornadas de História Local organizadas pelo Clube Castelanense, uma das três associações com sede na Comenda, agora a comemorar 75 anos de uma vida com alguns hiatos.

Com cerca de 40 presenças vindas de várias geografias do nosso território. as jornadas foram abertas pelo presidente da Câmara Municipal de Gavião.

José Pio congratulou-se com o evento e mais uma vez manifestou o seu apoio às associações do concelho que trabalham em prol da cultura e da comunidade.


Estas jornadas contaram com a direção científica de Ana Santos Leitão e Natália Nunes e contaram com uma série muito interessante e variada de intervenções.

Natália Nunes, por exemplo, falou sobre o culto mariano com enfoque no que ocorre no concelho de Gavião e destacou a adoração por Nossa Senhora das Necessidades do Vale do Grou e Comenda. Assim se ficou a saber, entre outras coisas, que a figura de Maria integra também a narrativa do Corão.


O excelente cartaz destas jornadas.



Edviges Apolinário, da Ferraria, apresentou também dados sobre o património do concelho, relevando a necessidade de conservar o que temos, em especial o belíssimo busto de Mouzinho da Silveira presente em Vale de Gaviões. A presidente da direção do Clube Castelanense disse também que será importante Gavião fazer a sua carta arqueológica.


Jorge Catarino, por seu lado, abordou a história de Vila Flor, a aldeia hoje apenas com sete habitantes e que já foi sede de concelho e deu origem a um marquesado.

José Martinho Gaspar, responsável da revista "Zahara", editada todos os semestres em Abrantes, foi outro dos oradores.


Leonor Raposo, da Herdade da Margalha, apresentou um trabalho, que merece ser revisitado com mais tempo em próximas jornadas, sobre a genealogia da sua família, uma família muito relevante na história de Gavião e que deixou um grande legado patrimonial, entre os quais a chamada Casa da Praça (que vemos na imagem).


Ao detalhar a genealogia da sua família, Leonor Raposo proporcionou um mergulho profundo na história de Gavião do século XIX e início do XX. Um trabalho que bem merece ser plasmado em livro pois já tem dados suficientes para se assumir como importante contributo para a história local, ali se falando dos papéis desempenhados, entre outros, por António Pequito Seixas de Andrade, que assumiu a função então de ministro da justiça do reino de Portugal.


Do seu irmão Adriano seria filha única Maria Adriano Pequito Seixas Andrade, que viria a casar com José Caetano Rebelo (vindo da Anadia), pai de José Adriano Pequito Rebelo e de Delfina Pequito Rebelo, figuras da história de Gavião que dispensam apresentações. Muito interessante foi a foto mostrada que revela a confraternização do povo de Gavião com José Caetano Rebelo aquando da inauguração da ponte rodoviária sobre o Tejo, a grande luta de Caetano Rebelo enquanto presidente da Câmara de Gavião, ele que em 1911 foi assasinado em Gavião.


Em destaque também a intervenção de Jorge Branco sobre as suas obras dedicadas à história da Comenda, com a revelação de que está em preparação mais uma livro, este em estilo de monografia da Comenda, com dados novos já coligidos. Ricardo Branco completou com uma apresentação sobre a história de nove anos do Arquivo Digital da Comenda e as sua integração na rede nacional de arquivos.


Luís Mário Bento, por sua vez, trouxe-nos histórias de Nisa, Montalvão e Salavessa, de que estamos esta imagem de um açude no Tejo perto de Salavessa, hoje debaixo de água como consequência da barragem do Fratel.


Foi um excelente momento de valorização da história local de Gavião, que pode ser o ponto de partida para outros trabalhos e para a desejada realização de uma carta patrimonial de um concelho que diz apostar tanto no turismo - e, como todos sabemos, a maior âncora do turismo é não apenas o património natural mas também o património construído.

Os estudos de história local, mesmo quando não creditados cientificamente e com tendência para uma deriva (digamos) populista, são sempre importantes e o que já temos é muito para um concelho com tão pouca gente.