Do Alto dos Tocos à Morteira, passando pelo Vale do Mouro

 


A leitura das cartas militares mais antigas não apenas é reveladora para a investigação histórica e arqueológica mas também recupera a memória de nomes de lugares e confirtma a perenidade de outros tantos.

Por exemplo, a carta militar editada em 1940 sob a orientação dos capitães V. Galvão e F. Vaz, com base em estéreofotopogrametria aérea e restituição, mostra-nos, como aqui já referimos, que Comenda era o lugar hoje do Vale do Grou, sendo a atual aldeia referenciada como Castelo Cernado. Junto ao Vale do Grou evidenciava-se também o nome de Quintas, relativo à Herdade da Comenda e do Vale do Grou, enquanto a este de Castelo Cernado surgiam referidas as Carqueijosas, Para oeste de Castelo Cernado surgia o Braçal e logo a seguir a ribeira com o mesmo nome e que a montante tomava o nome de Ribeira da Venda. Correndo nesse sentido e acompanhando a ribeira, a Horta das Bicas é o nome referenciado no atual lugar do parque de merendas e um pouco acima o Alto das Bicas, onde terá havido povoamento e capela, mais antigos que aquele verificado no Vale do Grou, antes de Castelo Cernado ganhar a importância que hoje tem.

Sem estar junto à ribeira com o mesmo nome, o marco geodésico marcado como da Ribeira da Venda indica a cota de 271 metros, muito perto do Alto do Vale dos Tocos, no sentido do Monte do Polvorão, onde passa a ribeira com este nome e para onde também corre a ribeira do Concelho e a do Vale Grande.  Também por aqui surge o nome de Vale do Mouro, um dos muitos topónimos que podemos encontrar no país com provável referência aos quatro séculos de ocupação muçulmana por esta zona.

Um pouco mais para norte, esta carta evidencia o Campo de Aterragem para Aviões (particular) que todos ainda conhecemos e que na estrada municipal ainda tem aviso rodoviário. No seu extremo norte, ligeiramente para este, surge o marco geodésico do Vale de Gião (273 metros) e correndo ainda para este vamos encontrar Monte de Baixo das Ferrarias e, um pouco mais para norte, os montes da Ferraria e Monte de Cima das Ferrarias. Agora já seguindo a Ribeira da Venda no sentido de montante, eis o Monte de Baixo do Polvorão da Camela, onde a ribeira do Perlim desagua na Ribeira da Venda. Tudo 'sob a asa' do marco geodésico (281 metros) da Morteira. Estamos aqui no limite da freguesia de Comenda pois logo a seguir é Amieira do Tejo, onde já estão o Monte de Cima Polvorão da Camela, o Monte Novo do Pereiro e o Monte Velho do Pereiro, este último já junto ao traçado da atual Estrada Nacional 118.

Fiquemos por aqui com a promessa de aqui voltar.