Estes dados são atuais e foram fornecidos pela Unidade de Saúde Local do Alto Alentejo, durante uma sessão de esclarecimento em Gavião a propósito do novo modelo de teleconsultas.
O que aqui se mostra é que o concelho de Gavião tem uma população de utentes do SNS com um índice de envelhecimento de 66%. A freguesia de Belver é a que, também na leitura destes números, apresenta um maior índice de dependência total por local no que toca a serviços de saúde: 150%. Mas a freguesia de Comenda não está muito melhor, com um índice de 110%, ligeiramente acima da freguesia de Margem (104%). Apenas a União de Freguesias de Gavião e Atalaia está abaixo dos 100% (75%).
Atente-se no gráfico etário, uma árvora de tronco fino com copa frondosa. O grupo etário dos 60 aos 64 anos é o campeão num concelho que tem quatro mulheres centenárias e uma taxa de mortalidade mais marcada nos homens nas idades mais avançadas.
Temos hoje 1.707 utentes do sexo feminino e 1.467 do sexo masculino.
Miguel Lopes, presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde Alto Alentejo fez um diagnóstico da situação de saúde por aqui que todos certamente serão capazes de confirmar.
Sobre os médicos que nos últimos tempos passaram pelo nosso concelho, Miguel Lopes foi ao fundo da questão quando disse que possivelmente "não estavam aqui nem a olhar para vocês, nem a ouvir o que tinham a dizer", com isto garantindo que as teleconsultas vão garantir um atendimento com outra qualidade, tanto mais que no fim da consulta o utente fará uma avaliação do atendimento. "Os profissionais hoje movem-se por outros interesses, estão cá apenas para se servirem das comunidades", disse ainda, referindo-se aos médicos que não querem fixar-se no interior.
Esta é a grelha das consultas à distância em Gavião e nas extensões de saúde de Vale de Gaviões e Comenda, estando garantido que o utente será sempre atendido pelo mesmo médico. No caso da Comenda, pelo doutor Adriano Mota.
Miguel Lopes disse ainda que é muito triste que hoje haja reuniões "onde infelizmente não conseguimos ter médicos", num momento "em que, por enquanto, ainda vai sendo possível ter enfermeiros e analistas".
José Pio, presidente da Câmara de Gavião, não é adepto deste modelo, já a funcionar, de teleconsultas mas mostrou toda a disponibilidade para colaborar, isto num momento em que Gavião perdeu a valência de ser um concelho com duas vagas "médicos carenciado", com este estatuto a voar para as unidades de saúde local de Lisboa e Vale do Tejo. O que quer dizer que será ainda mais difícil ter prioridade na contratação de médicos que se fixem em Gavião.
Passando para o campo das boas notícias, Gavião passará a contar finalmente com consultas presenciais da área infanto-juvenil, duas vezes por mês, sempre ao sábado.
Vamos ver se é desta que acaba o rodízio de médicos que tem acontecido nos últimos anos aqui por Gavião (mas também um pouco por todo o Alto Alentejo).
Uma última nota para referir que, apesar de estarmos perante um tema tão importante, ter sido residual a população que respondeu ao convite da ULS para esta sessão de esclarecimento.
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